Chris e Suzaan Alheit formam um casal dedicado à arte do vinho. Juntos, trabalharam em colheitas nas mais distintas regiões do mundo, como Napa Valley, Austrália, Saint-Émilion e o Vale do Mosel, na Alemanha. Movidos por uma paixão por aventura e aprendizado, também exploraram vinhedos na Nova Zelândia, Languedoc, Roussillon, Provence, Rhône (norte e sul) e nas ilhas Cíclades, na Grécia.

Seu profundo respeito pelos grandes vinhos da Europa — que consideram o verdadeiro coração do vinho de excelência — influencia diretamente sua filosofia de trabalho no Cabo. Inspirados pelas lições aprendidas nas principais regiões vinícolas europeias, os Alheit buscam elaborar vinhos de estrutura refinada, com potência controlada e equilíbrio natural. Para eles, o ideal é que o vinho tenha a leveza e precisão de uma ginasta, e não a força bruta de um lutador de sumô.

A Alheit Wines está sediada em Hemelrand, uma deslumbrante fazenda nas montanhas de Hemel-en-Aarde Ridge, em Walker Bay. A propriedade pertence a Hans e Mary Anne Evenhuis e abriga campos de lavanda, oliveiras, construções de pedra e um promissor vinhedo jovem — tudo cercado pela vegetação típica do fynbos sul-africano.

Na Alheit Wines, acredita-se que o vinho nasce na vinha. Se o ditado diz que 80% da qualidade está no campo e 20% na adega, eles levam isso ao extremo: para Chris e Suzaan, a proporção é 99% vinha e apenas 1% adega. A agricultura segue os princípios da natureza, estimulando a vitalidade do solo e evitando qualquer interferência desnecessária. Afinal, solo morto gera vinho morto — uma máxima que guia seu trabalho.

A vinícola tem acesso a alguns dos mais extraordinários vinhedos do Cabo, com videiras antigas entre 30 e 40 anos, e algumas ainda mais velhas. Nessa idade, as plantas atingem sua plena maturidade e conseguem expressar, com naturalidade e profundidade, a essência do lugar de onde vêm.

Na adega, utilizamos uma prensagem suave com cachos inteiros, seguida de uma decantação mínima — preferimos trabalhar com o mosto ainda bastante turvo. Não fazemos nenhuma adição ao suco. A fermentação ocorre de forma espontânea, com leveduras indígenas, em ovos de concreto, ânforas de barro, foudres ou barricas usadas de diversos tamanhos. Após a fermentação, o vinho permanece sobre as borras por cerca de doze meses, e então repousa em tanques por mais quatro meses, sem colagem, antes do engarrafamento.