Lalù nasce do encontro entre Lara e Luisa — La e Lu — duas jovens de Turim que, apesar de não terem origem rural, encontraram na vinha a sua própria língua. Elas se conheceram durante os estudos na Università di Scienze Gastronomiche, em Pollenzo (Bra), um dos berços intelectuais da cultura do vinho contemporâneo. Ali, entre aulas, viagens e visitas a produtores das colinas de Langhe, surgiu o entusiasmo que mais tarde se tornaria projeto de vida.

Antes de voltar à Itália, Lara e Luisa passaram temporadas trabalhando em vinícolas na África do Sul e na Argentina, experiências que ampliaram seu olhar sobre agricultura, fermentação e o papel do vinho como expressão cultural. De volta ao Piemonte, estabeleceram-se em La Morra com uma ideia clara: criar sua própria Azienda Agricola, totalmente autoral.

Enquanto trabalhavam em uma cantina local, adquiriram e replantaram seu primeiro vinhedo, Roncaglie, em 2015. Na sequência, buscaram aprofundar sua formação com duas colheitas consecutivas na Borgonha: a primeira com Dominique Lafon, referência incontornável em Meursault; e a segunda com Cécile Tremblay, uma das vozes mais sensíveis da nova geração da Côte de Nuits. Essencialmente, aprenderam com quem vinifica com os pés na terra e com o tempo como guia.

Em 2019, nasce oficialmente a Azienda Agricola Lalù, com uma pequena adega em Serralunga d’Alba — suficiente, porém, para vinificar pela primeira vez a colheita por completo, sob sua própria filosofia.

Para Lara e Luisa, cada safra é um diálogo com o ano — nunca uma receita repetida. Cada vinhedo é vinificado separadamente, para que sua identidade não se dilua.

O trabalho com cachos inteiros é usado de forma cirúrgica: parte da colheita é mantida integralmente; outra parte é desengaçada; e uma pequena fração recebe um trabalho delicado no qual remove-se apenas o pedúnculo central, preservando os bagos ligados pelos pedicelos. Isso permite aproveitar a complexidade estrutural do cacho sem deixar que o sabor herbal do engaço domine.

A fermentação é sempre espontânea, com leveduras nativas, iniciada a partir de pied de cuve preparado dias antes da vindima. Assim, a fermentação ocorre de forma viva, estável e autóctone, sem necessidade do uso de leveduras comerciais — reforçando o caráter do lugar e do ano.

Mais do que produzir vinhos, Lalù produz interpretações: de parcelas, de estações, de histórias que começam muito antes de qualquer garrafa existir.